Estreeou e permaneceu em curta temporada no Café Teatro, durante os dias 4 5 e 6 de abril, em Manaus, o mais novo espetáculo da Cia de Idéias, "Vestido de Noiva", escrito por Nelson Rodrigues e dirigido por João Fernandes. No elenco, Eduardo Klinsmann, Gleidstone Melo, Ítalo Rui, Vitor Lima e também o próprio Fernandes.
Uma das
obras primas do teatro brasileiro, o texto foi escolhido para ser encenado
devido ao desafio que é montá-lo. Apesar do enredo simples, sua estrutura
narrativa é complexa, seus personagens são diversos e cheios de nuances – um
verdadeiro desafio para qualquer artista de teatro. Somado ao fato de ser
escrita pelo “anjo pornográfico”, a peça certamente representa um marco na
trajetória de uma cia de teatro. E foi atrás deste marco que a Cia de Idéias
seguiu.
A peça
conta a estória de Alaíde, que acabou de ser atropelada, foi mandada para o
hospital e, dentro de sua mente, empreende uma busca pelas lembranças de sua
vida. Nesse caminho, descobre que é casada com Pedro, tem uma irmã chamada
Lúcia (que lhe é rival no amor) e que possui como modelo a ser seguido Madame
Clessi, uma cocote do começo do século passado que morreu muitos anos antes de
toda a ação dramática se materializar. Diante dos conflitos com estes
personagens principais, a jornada de Alaíde se desenha. Nelson Rodrigues
escreve o enredo dividindo-o em planos (memória, alucinação e realidade). A
direção opta por representá-los de forma mais sutil e mesclada. A encenação se
dá somente com homens, como já havia acontecido com “Auto do Rei Leal”. Dessa
maneira, ao todo cinco atores compõem a cena e vestem todos os personagens,
masculinos e femininos. As ações se desenrolam em cena, à vista do público, em
busca de um teatro que se revela enquanto tal e que só pode ser feito ali, na
frente da plateia.
Apesar de
ser uma tragédia em três atos, trata-se de um teatro cheio de idas e vindas,
com uma carga melodramática típica dos roteiros de Nelson Rodrigues. Ao
assistir-lhe, podemos presenciar todos os impudores também característicos da
obra rodriguiana. Mas, como diria o autor na voz de Alaíde: “e quem é que tem
pudor quando gosta?”
OUTRAS MÍDIAS
Confira o que o jornal acrítica publicou sobre a estreia, clicando aqui.
OUTRAS MÍDIAS
Confira o que o jornal acrítica publicou sobre a estreia, clicando aqui.
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